Chania

Perfil do novo Umbandista

Nos dois últimos censos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geo¬grafia e Estatística), os frequentadores de cultos afro-brasileiros aparecem no topo do ranking de escolaridade: ficam em segundo lugar, atrás apenas de kardecistas e à frente de católicos e evangélicos. São comunicadores, estudantes e criativos cujas escolhas de vida não combinam com grandes empresas, mas, sim, com a liberdade de ir e vir. São membros da geração Y, essa nascida a partir da década de 80, urbana e conectada à internet, em que os psicólogos sociais identificam uma aversão clara à hierarquia e uma necessidade de se engajar em projetos com profundo significado pessoal.

Ao menos uma vez por mês, jovens de até 30 anos vão ao terreiro de umbanda. Conversam com os espíritos, pedem a eles conselhos para a vida e volta para casa com indicações de práticas e rituais como: Orações, banhos, limpezas e agradecimentos. “Ninguém se sente obrigado a ir ao Terreiro", vão quando tem vontade. Muitos desses jovens vieram de famílias católicas e não tinham contato com religião. Quando resolvem ir ao terreiro pela primeira vez recebem de um médium um recados sobre cuidados com a vida. A umbanda dialoga de forma simples e rápida com você, não tem nenhuma metáfora ou mensagem rebuscada. Todos que vão é para procurar ajuda dos guias, ajuda dos espíritos que incorporam nos médiuns em dia de gira.

A maioria dos atuais adeptos da religião, se encantam por ela depois de adulto. Segundo a umbanda, qualquer pessoa pode desenvolver a capacidade de intermediar o mundo dos espíritos com o nosso. Na Umbanda as relações são mais horizontais que na igreja católica, onde a hierarquia é mais de cima para baixo. Lá, o máximo de contato físico que você tem é beijar a mão do padre. Na umbanda, é difícil não sair abraçando meia dúzia. É como se o seu ego se dissolvesse no meio do grupo.

A umbanda e o candomblé, religiões que vêm atraindo o grupo, também têm um código moral amplo, baseado na lei do retorno: fazer o bem para recebê-lo e evitar fazer o mal para não sofrê-lo. Nos cultos, bem e mal estão sempre juntos. Dentro desse contexto, é compreensível que a hierarquia horizontal da umbanda seja tão confortável para os novos adeptos.

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